quarta-feira, abril 02, 2008

MMW - Let´s go Everywhere!

Chamativo o titulo, não? me lembro quando estava em casa, esperando para ensaiar com meus amigos Diogo, Lucon, Guilherme e sei lá mais quem. Nisso coloquei um som para escutar, acho que Art Blakey, enquanto eu e Diogo fomos ver o pipoqueiro passar na rua, atraídos pelo cheiro da Maria. Travessura ou magia, Lucon colocou um disco novo no play. Dos falantes saiu um groove que me grudou com a orelha nas ondas, hipnotizado e longe dali (mas com o som acompanhando), comecei a flutuar na musica e, de repente, entra pela porta da frente aquela linha harmonica. Aquilo sim foi um som apresentado, absurdo o que um trio (bass, guitar, drums) podia fazer, nunca tinha escutado algo parecido!!! Medeski, Martin and Wood. O disco? Shack-man (October 15, 1996 - A blessing descended from above when this album was created. How else could music this beatific be created in a Hawaiin shack with the help of solar power? The melodies are intoxicating, the beats are badder than the JB's on a good day, and Mr. Wood is the funky glue). Uma viagem, uma ilusão.............sonho..........será que algum dia..........?

Formado por John Medeski (teclas em geral), Chris Wood (baixos acústico e elétrico) e Billy Martin (bateria e percussão), o grupo, que adota a clássica e tenaz formação "piano trio" (baixo-bateria-piano), chuta sempre em direções inesperadas. Seja ao incorporar batidas rap, seja apostando na interação com DJs, seja em seu descarado flerte com o pós-rock, a banda até agora acertou a mão em tudo que fez.

Aqui vem a apresentação de seu ultimo trabalho, lançado no começo de 2008, Let´s go Everywhere tem uma conotação infantil. Nunca ler infantilização da musica, mas sim dos temas. Grooves e distorçoes dignas de MMW mas com vocais infantis, temas de historinhas infantis, muitas delas interpretadas pela propria prole dos musicos.
Aqui vai uma entrevista que o baterista Billy Martin concedeu por e-mail ao Scream & Yell:


Em primeiro lugar: a banda continua instalada em Nova York?
Sim.
Como a confusão de 11 de setembro afetou vocês?
Foi chocante, e tínhamos uma turnê agendada pelos Estados Unidos para o mês seguinte. Continuamos a turnê e a finalizamos em Nova York no feriado de Halloween (31 de outubro) com um grande show para uma casa lotada de espírito muito positivo. Nós sentimos que nosso trabalho é manter o espírito musical e o espírito das pessoas vivos.
O MM&W tocou no Brasil no Free Jazz Festival de 99, batizou uma das músicas de seu primeiro álbum [Notes From The Underground, inédito no Brasil] de Hermeto's Daydream, e The Dropper [penútlimo álbum da banda, também inédito no Brasil] mostrou alguns elementos percussivos brasileiros como cuíca, berimbau e surdo, além de uma música chamada Partido Alto. Qual seu aspecto predileto a respeito da música brasileira? Quem são seus favoritos na música brasileira, aqueles que mais te influenciaram?
O uso de percussão de um modo completamente musical. A influência do ritmo africano misturada com harmonia ocidental e oriental. Batucada grooves like no other music that I know. Os músicos que mais me influênciaram foram Hermeto, Nenê, Naná Vasconcelos, Robertinho Silva, Djalma Correa, Gilberto Gil, Jobim, Elis Regina, a escola de samba Padre Miguel, Egberto Gismonti...
Billy, já ouviu o disco acústico que Jorge Ben Jor gravou via MTV? Bacaninha.
Não, adoraria ouvir isso.
Ok, eu te mando esse disco e tu me manda os últimos do MM&W. Topa?
Trato feito.
Alguns críticos acharam que The Dropper acrescentou um pouco da estética pós-rock ao som usualmente cheio de groove do Medeski, Martin & Wood. Você concorda?
Sim.
Tendo em vista que o pós-rock é genericamente descrito como uma colisão do jazz com o punk, podemos dizer que o MM&W é a banda de jazz mais punk da atualidade?
:)Às vezes.
O que acha de artistas como Tortoise e Mogwai, que utilizam dinâmicas jazzísticas em músicas de teor rock?
Eu gosto um bocado de Tortoise.
Page Hamilton (do finado Helmet), Lee Ranaldo e Thurston Moore (do Sonic Youth) foram discípulos de Glenn Branca [cabeção do jazz vanguardista nova-iorquino]. O que você acha da abordagem que essas bandas têm (ou tinham) do jazz?
Não sei, esse espírito de criar e usar o som criando novos meios de compor e se apresentar parece ser típico da região central de Nova York, e outras cidades e culturas vêm fazendo isso há muito tempo. O que eu vejo é que um bocado de gente que normalmente só ouvia rock está se interessando pelo som do MM&W e por jazz, de forma geral.
Algumas pessoas acreditam que o mérito disso reside nos "álbuns gêmeos" lançados pelos Beastie Boys na década passada, Check Your Head e Ill Communication, que introduziram à audiência rock nomes até então alienígenas como Jimmy Smith e Meters. Por outro lado, algumas pessoas dizem que isso é um reflexo da renovação do interesse das pessoas pelas chamadas "jam bands" representadas atualmente pelas bandas de stoner rock. Qual você acha que é o verdadeiro motivo para essas pessoas ficarem ligadas no som do MM&W?
Há um vácuo no que diz respeito a uma abordagem sincera da música que seja realmente emocional, funky e de vanguarda. Então estamos preenchendo esse vazio de um modo bastante inesperado.
O MM&W causa arrepios em críticos de jazz puristas, principalmente devido às técnicas pouco usuais que vocês utilizaram em seus últimos discos, como o uso de overdubs e a interação com DJs. Irrita a banda o fato de não ser considerada "suficientemente jazz" por esses críticos?
Não, na verdade não. O que é frustrante é ver críticos discutindo sua música sem realmente entender o artista ou mesmo sem escutar a banda ao vivo...
Você próprio acha que o MM&W não é estritamente jazz? Essa classificação que alguns fazem do som do MM&W como "acid jazz orgânico" chega a incomodar?
Às vezes. Para mim, acid jazz é leve, iluminado. Nossa música vai mais fundo que isso. Não somos estritamente jazz.Algumas pessoas tendem a pesquisar artistas influenciais do jazz após ouvir o som do MM&W e toda a música que se vale de elementos jazzísticos em voga hoje em dia. Os artistas que recomendaria a essas pessoas são...[John] Coltrane, [Thelonius] Monk, Miles [Davis] , [Charles] Mingus, [Duke] Ellington, [Louis] Armstrong, [Sidney] Bechet, Sun Ra, Albert Ayler, Ornette Coleman...
Falando sobre Uninvisible: quando escutei o disco pela primeira vez, senti uma forte presença de efeitos dub, principalmente na faixa título, efeitos de eco malucos mixados com o som tipicamente balançante de vocês, o que soou bem legal. Além disso, senti um clima sinistro e inquietante por toda parte. Concorda? O que, exatamente, o MM&W quer colocar entre as orelhas do ouvinte?
Trevas e luz. Funky e esquisito e belo.
Aqui no Brasil, as pessoas não têm acesso à maioria de seus álbuns em edição nacional, e importados são obscenamente caros. Vê algum problema em baixarem suas músicas da internet?
Se elas não podem comprar nas lojas, elas baixam em MP3. Mas por quê isso acontece? Temos que dar um toque pra Blue Note Records [tradicional gravadora de jazz americana, atual lar da banda].
Sobre It’s A jungle In Here e Shack-Man, os álbuns que estão sendo lançados no Brasil através da Trama: como você descreveria o feeling de cada um? O que esses álbuns representam?
It's A jungle In Here foi o primeiro a ser produzido de maneira mais independente, logo após Notes From The Underground. Shack-Man foi um dos melhores e mais desafiadores discos que já produzimos, completamente independentes da gravadora, exceto pelo fato de que nos deram um pequeno orçamento. Decidimos entrar fundo na selva do Hawaii, só nos três e o engenheiro/produtor David Baker.
Qual seu disco favorito do MM&W? Qual o propósito por trás dos vários trabalhos solo que vocês três mantêm?
Acho que Shack-Man é um clássico. Eu realmente adoro The Dropper, também. Nós três tentamos fazer coisas fora da banda para manter as coisas interessantes sempre que voltamos a tocar juntos. Trazemos a energia de fora para dentro da banda.
O que é que você curte mais: pintar ou espancar sua bateria?
Adoro as duas coisas, mas venho tocando bateria há muito mais tempo e com muito mais afinco.
Qual é que é a desse vídeo da banda produzido pela Industrial Light & Magic de George Lucas?
Um belo vídeo. É um roteiro bem simples, sobre a gente saindo de casa e indo para nosso estúdio Shacklyn no Brooklin, tocando enquanto caminhamos pela rua, e termina com a gente tocando num show ao vivo no clube Providence, de Rhode Island. Mas na verdade filmaram a gente entrando no Tonic, em Nova York.
Quem são os artistas no jazz moderno que você acredita que merecem ser ouvidos?
Sun Ra, Other Dimensions In Music, Masada, Marc Ribot, The Lounge Lizards.
Qual é exatamente o objetivo principal do MM&W?
Fazer música juntos e continuar evoluindo.
E, finalmente: quem se sai melhor, os americanos no jazz ou os brasileiros no trato com a pelota?
Não vejo diferença!
Vê-se que o Batera não gostou muito da entrevista né, perguntas sem coerencia e, pior de tudo, tratando esse mago do groove como um camarada que o conhece há anos......... fim de carreira mesmo, quem sabe da proxima vez não colocam alguem que conhece a obra de MMW e o trate como o verdadeiro profissional que ele é.

1-Waking Up
2-Let's Go Everywhere
3-Cat Creeps
4-The Train Song
5-Where's The Music
6-Pat A Cake
7-Pirates Don't Take Baths
8-Far East Sweets
9-On An Airplane
10-The Squalb
11-Let's Go
12-Old Paint
13-Hickory Dickory Dock
14-All Around The Kitchen
15-We're All Connected


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A.O.

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