segunda-feira, novembro 26, 2007

SHOWZAÇO!!!!!

Pra quem gosta, tive a imensa satisfação em Participar da Produção de "Mulheres Negras Cantem", um evento promovido pela Afrobás.
Foram Parte desse evento o Trofeu Raça Negra e a Realização de Palestras e eventos temáticos.
No Show, cada uma das cantoras se apresentaram individualmente e, nesse video, mostra a apresentação do BIS, com as 4 cantoras juntas.
Apreciem, Daúde, Luciana Mello, Vanessa Jackson e Lailah Moreno.




Ouvindo nada, pór enquanto.

domingo, novembro 25, 2007

“SE É BOM OU SE É MAU...”

“SE É BOM OU SE É MAU...”

Quando eu contava estórias para a minha filha – ela era bem pequena ainda – tinha uma pergunta que ela sempre me fazia: “Esta estória aconteceu de verdade?” Eu não tinha jeito de responder.
Se fosse o Peter Pan, adulto, tal como aparece Hook – A volta do Capitão Gancho, eu diria logo que era só uma mentirinha sem importância que eu estava inventando para que ela dormisse logo e eu pudesse voltar a me ocupar das coisas importantes do mundo real do dinheiro, da política, do trabalho, das rotinas da casa. Diria a ela que o livro que me importava, aquele que eu realmente lia, livro de cabeceira, era a agenda de capa verde. Nas suas páginas se escrevia a realidade. Mas ela era muito criança - com o tempo cresceria e aprenderia a ler a literatura do real que só pode ser lida nas agendas. Por enquanto, ela podia se entregar as palavras mentirosas das estórias, só para que o sono viesse mais depressa....
Mas eu não era o Peter Pan adulto e o que eu tinha para dizer, pois achava complicado demais para a cabecinha dela. O que eu gostaria de dizer a ela e não disse é que as estórias que eu contava não aconteceram nunca para que acontecessem sempre. A TERRA DO NUNCA é a TERRA DO SEMPRE, que existe eternamente dentro da gente. Já o que aconteceu de fato, documentado, fotografado, comprovado pela ciência e escrito com o nome de História – isso aconteceu do lado de fora da gente e, por isso, não acontece nunca mais. Está morto e enterrado no passado, e não há feitiço que faça ressuscitar. Mas aquilo que não aconteceu nunca, aquilo que só foi sonhado, é aquilo que sempre existiu e que sempre existirá, que nem nasceu e nem morrerá, e a cada vez que se conta acontece de novo....
Se ela me tivesse feito a pergunta de um jeito diferente, se me tivesse perguntado se acreditava na estória, ah!, eu teria respondido fácil: “Mas é claro que acredito!” Pois eu só acredito no que não aconteceu nunca, no que é sonho, pois os sonhos, é disto que somos feitos.
A estória da Branca de neve não aconteceu nunca – mas todos nós somos sempre, uma madrasta que se vê triste diante do espelho e manda a menina, nós também, para ser morta na floresta. A estória de João e Maria não aconteceu nunca, mas em toda a criança existe a fantasia terrível do abandono. A estória de Romeu e Julieta não aconteceu nunca, mas queremos ouvi-la de novo, pois dentro de nós existe o sonho do amor puro, belo e imortal. E é por isso que sou incuravelmente religioso, porque nas estórias da religião, que não aconteceram nunca, os sonhos e pesadelos da alma se acham refletidos. Acredito porque sei que são mentiras. Se fossem verdades, não me interessariam.
As estórias são contadas como espelhos, para que a gente se descubra nelas. Os orientais são os grandes mestres nesta arte, esquecida dos ocidentais porque cresceram, como o Peter Pan do filme Hook, e passaram a acreditar somente naquilo que a agenda conta, sem perceber que, porque ela diz a verdade, mente.
Quero contar para vocês a estória que mais tenho contado – não aconteceu nunca, acontece sempre. Um homem muito rico, ao morrer, deixou suas terras para os seus filhos. Todos eles receberam terras férteis e belas, com a exceção do mais novo, para quem sobrou um charco inútil para a agricultura. Seus amigos se entristeceram com isso e o visitaram, lamentando a injustiça que lhe havia sido feita. Mas ele só lhes disse uma coisa: “Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá”. No ano seguinte, uma seca terrível se abateu sobre o país, e as terras dos seus irmãos foram devastadas: as fontes secaram, os pastos ficaram esturricados, o gado morreu. Mas o charco do irmão mais novo se transformou num oásis fértil e belo. Ele ficou rico e comprou um lindo cavalo branco por um preço altíssimo. Seus amigos organizaram uma festa porque coisa tão maravilhosa lhe tinha acontecido. Mas dele só ouviram uma coisa: “Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá.” No dia seguinte seu cavalo de raça fugiu e foi grande a tristeza. Seus amigos vieram e lamentaram o acontecido. Mas o que o homem lhes disse foi: “Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá.” Passados dez dias o cavalo voltou trazendo dez lindos cavalos selvagens. Vieram os amigos para celebrar esta nova riqueza, mas o que ouviram foram as palavras de sempre: “ Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá.” No dia seguinte, o seu filho, sem juízo, montou um cavalo selvagem, O cavalo corcoveou e o lançou longe. O moço quebrou uma perna. Voltaram os amigos para lamentar a desgraça. “Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá”, o pai repetiu. Passados poucos dias vieram os soldados do rei para levar os jovens para a guerra. Todos os moços tiveram de partir, menos o seu filho de perna quebrada. Os amigos se alegraram e vieram festejar. O pai viu tudo e só disse uma coisa: “ Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá...”
Assim termina a estória, sem um fim, com reticências.....Ela poderá ser continuada, indefinidamente. E ao contá-la é como se contasse a estória de minha vida. Tanto os meus fracassos quanto as minhas vitórias duraram pouco. Não há nenhuma vitória profissional ou amorosa que garanta que a vida finalmente se arranjou e nenhuma derrota que seja uma condenação final. As vitórias se desfazem como castelos de areia atingidos pelas ondas, e as derrotas se transformam em momentos que prenunciam um começo novo. Enquanto a morte não nos tocar, pois só ela é definitiva, a sabedoria nos diz que vivemos sempre à mercê do imprevisível dos acidentes. “SE É BOM OU SE É MAU, SÓ O FUTURO DIRÁ”

RUBEM ALVES

quarta-feira, novembro 21, 2007

New one

Há tempos nao escrevo neste espaço, que considero anarquico, mas infelizmente nao tive tempo. Varias coisas aconteceram, o Tropa de Elite veio pra balançar, o Brasil joga hoje no Morumbi, não há meio de tirar aquele presidente do senado da cadeira (será que eu tenho que ir lá?), um coitado assalta, briga na rua e o culpado é o motorista do busão. Enfim, situações em que nos botam frente a frente com nossa realidade dicotômica.
Mas hoje, em especial, fiquei feliz por termos mais dois integrantes em nosso espaço e, diga-se de passagem, dois integrantes de peso. Um novo Blog é o http://www.risoesarcasmo.blogspot.com/ , esse de meu querido irmao, javem medico a ser formado pela Universidade de São Paulo, competentissimo e etico naquilo que faz (e no que nao faz tambem), Excepcional escritor e leitor dos mais assiduos (engole livro que nem bala) e que me traz muita felicidade quanto estamos juntos e compartilhamos das mais dificeis tarefas de se lidar com familia.
Outro é o http://www.dedonovespeiro.blogspot.com/ , esse de meu Grande amigo Ricardo Flaitt, nascido de uma possivel parceris Vespeiro - Suvaco, o blog tem a intenção real de Cutucar com vara curta a nossa condição, como cidadao e profissional, naquilo que vivemos e aprendemos. Com o proposito de levar cultura, informação e atenção critica àqueles que aceitam.
Puxa saquice de lado, coloco aqui um video que achei hoje vagando no youtube. Não tem nada de mais não, mas só quem viveu sabe explicar ou dar sentido aos "Olhos nos Olhos"

Sem mais.....

quarta-feira, novembro 07, 2007

JAZZ!!!!!


Deixa subirem os sons agudos,
os sons estrídulos do jazz no ar.
Deixa subirem: são repuxos: caem...
Apenas ficarão os arroios correndo
sem rumor dentro da noite.

E junto a cada arroio,
nos campos ermos,
Um anjo de pedra estará postado.

O Anjo de Pedra que está sempre imóvel
por detrás de todas as coisas-
Em meio aos salões de baile,
entre o fragor das batalhas,
nos comícios das praças públicas-
E em cujo olhos sem pupilas,
brancos e parados,
Nada do mundo se reflete.

Mário Quintana