O produtor israelense Kutiman, 27, passou os dois primeiros meses de 2009 trabalhando com uma orquestra de pelo menos cem músicos, tanto amadores quanto profissionais. Em sua casa, em Tel Aviv --onde ficou trancado durante esse tempo "sem nem ver a luz do dia"--, compôs sete músicas, que podem ser vistas e ouvidas pelo site thru-you.com/#/videos.
Mas Kutiman não precisou encontrar ninguém. Ou melhor, encontrou todos os membros do seu projeto Thru-YOU buscando no http://www.youtube.com/ (o famoso site de compartilhamento de vídeos) peças como um garoto e seu desafinado trompete, uma mãe cantora com um bebê no colo, uma sirene ou professor de guitarra.
Kutiman conta que usou o critério de escolher trechos que combinassem boa qualidade de imagem e de som e bons músicos. O produtor, nascido em Jerusalém, trabalhou com o software de edição de imagens da série Vegas, da Sony, e mixou as imagens pesquisadas para criar composições inéditas que já saíam automaticamente com um videoclipe.
"Primeiro penso com qual tipo de música vou trabalhar: funk, reggae, rock... Depois eu procuro um baterista. Acho que qualquer músico iniciaria o processo pela bateria. Depois procuro um bom 'loop' [pequeno trecho de um instrumento repetido], um baixista, e só aí vou atrás de todo o resto."
Ele explica que, em alguns casos, usou apenas pequenos pedaços; em outros, praticamente nem editou, pois os vídeos se encaixaram perfeitamente. "Eu apenas colei."
"Colando" as pessoas mais díspares, Ophir Kutiel (seu nome verdadeiro) compôs, por exemplo, o reggae "This Is what It Became", que traz mensagem pró-cannabis tocada por gente que muito provavelmente nunca viu um cigarro de maconha na vida.
Ou juntou um quarteto de cordas, um quinteto de sopro, vozes diferentes de cantoras negras, ruídos eletrônicos, instrumentos de brinquedo, um rapper, um contrabaixista e um jovem pianista e saiu com "I'm New", um trip hop de primeira, no estilo do Massive Attack.
Mas não foi tão fácil assim. Apenas um terço dos vídeos baixados foi usado. "Achei, por exemplo, uma ótima imagem de um cara na bateria e fiquei rezando, 'por favor, toque bem'. E ele não tocava bem."
Segundo o produtor, nada do que foi copiado contou com autorização prévia de seus autores. Alguém reclamou? "Alguns entraram em contato comigo. Falei com um dos cantores pelo telefone, e foi muito legal. Todo mundo amou o projeto e agradeceu por ser incluído nele. Agora recebo vídeos com gente tocando e pedindo: 'Por favor, me use na próxima vez'."
Internetmaníaco
A ideia de usar exclusivamente vídeos do YouTube vem da adoração que Kutiman tem pelo site. "Passo horas na internet. Aprendi muitas coisas no YouTube, de cozinhar a tocar algum instrumento", conta.
O Thru-YOU chegou a virar obsessão. "Minha cama fica a um metro do computador, então eu perdi a noção do dia, porque eu só dormia e acordava para trabalhar, comendo pão e coisas do tipo. Eu estava tão fascinado com o projeto que não fiz mais nada da vida, não saí nem encontrei amigos", diz.
Mas Kutiman não precisou encontrar ninguém. Ou melhor, encontrou todos os membros do seu projeto Thru-YOU buscando no http://www.youtube.com/ (o famoso site de compartilhamento de vídeos) peças como um garoto e seu desafinado trompete, uma mãe cantora com um bebê no colo, uma sirene ou professor de guitarra.
Kutiman conta que usou o critério de escolher trechos que combinassem boa qualidade de imagem e de som e bons músicos. O produtor, nascido em Jerusalém, trabalhou com o software de edição de imagens da série Vegas, da Sony, e mixou as imagens pesquisadas para criar composições inéditas que já saíam automaticamente com um videoclipe.
"Primeiro penso com qual tipo de música vou trabalhar: funk, reggae, rock... Depois eu procuro um baterista. Acho que qualquer músico iniciaria o processo pela bateria. Depois procuro um bom 'loop' [pequeno trecho de um instrumento repetido], um baixista, e só aí vou atrás de todo o resto."
Ele explica que, em alguns casos, usou apenas pequenos pedaços; em outros, praticamente nem editou, pois os vídeos se encaixaram perfeitamente. "Eu apenas colei."
"Colando" as pessoas mais díspares, Ophir Kutiel (seu nome verdadeiro) compôs, por exemplo, o reggae "This Is what It Became", que traz mensagem pró-cannabis tocada por gente que muito provavelmente nunca viu um cigarro de maconha na vida.
Ou juntou um quarteto de cordas, um quinteto de sopro, vozes diferentes de cantoras negras, ruídos eletrônicos, instrumentos de brinquedo, um rapper, um contrabaixista e um jovem pianista e saiu com "I'm New", um trip hop de primeira, no estilo do Massive Attack.
Mas não foi tão fácil assim. Apenas um terço dos vídeos baixados foi usado. "Achei, por exemplo, uma ótima imagem de um cara na bateria e fiquei rezando, 'por favor, toque bem'. E ele não tocava bem."
Segundo o produtor, nada do que foi copiado contou com autorização prévia de seus autores. Alguém reclamou? "Alguns entraram em contato comigo. Falei com um dos cantores pelo telefone, e foi muito legal. Todo mundo amou o projeto e agradeceu por ser incluído nele. Agora recebo vídeos com gente tocando e pedindo: 'Por favor, me use na próxima vez'."
Internetmaníaco
A ideia de usar exclusivamente vídeos do YouTube vem da adoração que Kutiman tem pelo site. "Passo horas na internet. Aprendi muitas coisas no YouTube, de cozinhar a tocar algum instrumento", conta.
O Thru-YOU chegou a virar obsessão. "Minha cama fica a um metro do computador, então eu perdi a noção do dia, porque eu só dormia e acordava para trabalhar, comendo pão e coisas do tipo. Eu estava tão fascinado com o projeto que não fiz mais nada da vida, não saí nem encontrei amigos", diz.
LEANDRO FORTINO
da Folha de S.Paulo
A.O.
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