quinta-feira, abril 14, 2011

Flavião e o Retrofuturismo e Lavoura fazem lançamento juntos no Centro Cultural Rio Verde



No dia 21 de abril de 2011, véspera do feriado da Páscoa, dois nomes da nova cena paulistana independente lançam seus novos álbuns, no Centro Cultural Rio Verde, na Vila Madalena, em São Paulo. Flávião e o Retrofuturismo apresenta "Trans" e Lavoura mostra "Nu Steps", dois álbuns que tiveram processo de composição sob o mesmo teto, o atelier La Tintota, na Barra Funda.


Flávio Lima, conhecido também como Flavião, integra o atelier de arte La Tintota ao lado do venezuelano Carlos Pedreañez e do argentino Leonardo Ceolin. No espaço da rua Camarajibe, com duas portas de ferro na entrada com pé direito alto, que mais parece uma oficina, os integrantes fazem gravuras, esculturas, compõe músicas e criam cenários para teatro, como o realizado no fim de 2010 para ópera “Rigoletto” no Theatro São Pedro, e também promovem intercâmbios com outros artistas.


Foi nesse cenário que as duas bandas, no início de 2010 resolveram juntar seus instrumentos, amplificadores, computadores e parafernálias eletrônicas para realizar uma imersão sonora, com a intenção de que essa experiência fosse a base para a composição de seus novos discos, e foi o que ocorreu. No final desse mesmo ano os grupos reuniram todo material criado e entraram em estúdio para gravar.


“Trans”, álbum de Flavião, que captura este espírito colaborativo e com sonoridades múltiplas, foi gravado e finalizado em Belo Horizonte por Leo Moraes, produtor do estúdio Patomultimidia, que colabora também com o produtor carioca Kassin.


Já "Nu Steps", do Lavoura, foi gravado e finalizado por Pipo Pigoraro, produtor paulistano que está envolvido em produções com diversos artistas da cena paulistana como Bruno Morais, Cris Scabello, Maurício Fleury, entre outros.


Ouvindo os dois discos, o mais interessante é perceber que as bandas, mesmo sendo de diferentes vertentes - uma é art rock brusuca, a outra nu jazz - apresentam referências estéticas comuns, e linguagens que se influenciam, relação mútua que vai muito além do fato das bandas terem integrantes em comum.


A noite ainda conta com a discotecagem de Tatá Aeroplano, e com as participações especiais de Marcelo Monteiro (sax e flauta) e Gil Duarte (trombone e flauta).


Ouça as bandas em:


http://www.myspace.com/retrofuturistas


http://www.myspace.com/lavoura


Conheça o atelier La Tintota:


http://www.latintota.net/



RELEASE LAVOURA


Desde sua gênese, o Lavoura dedica-se à busca por novas formas de expressar sintaxes musicais herdadas da história e da evolução e por enunciá-las com poder de conduzir seus ouvintes/participantes em direção a níveis mais profundos. Em “Nu Steps”, o quarteto partiu de jams sessions e criações coletivas para avançar em organicidade e levar suas pesquisas de hibridismo entre cultura eletrônica, jazz e música brasileira a um patamar em que nada se sobressai.


Gravado, produzido e mixado por Pipo Pegoraro no Estúdio Q, na Lapa, o trabalho traz referências de jazz modal, broken beats, dubstep, blaxplotation e do rock psicodélico. A atuação de Pipo, promissor artista solo e figura chave no movimento paulistano de música livre, foi primordial para conferir a atmosfera cinemática e a alta temperatura das faixas que compõe o trabalho.


O disco traz também a participação especial do multiinstrumentista Marcelo Monteiro, que toca sax barítono em “Highlights” e flauta em “Obliquities”.


Talvez como forma de contraponto a “Kosmophonia”, trabalho anterior, em que o conceito vinha da ficção científica e do espaço, neste álbum o grupo se inspirou em sons e imagens terrestres, de gente, cidades, máquinas, animais e meios de transportes como forma de traçar, segundo o tecladista Fernando TRZ, “psicogeografias sonoras, territórios fundidos, matas de concreto, campos de guerra e de flores”.


“Nu Steps”, quarto álbum do grupo, é fruto de “meditação sonora coletiva, imersão na arte, influências estéticas de outras linguagens como o cinema, artes plásticas, literatura, arquitetura e design”, segundo o músico e compositor.


Criado em Bauru, em 2003, o Lavoura está radicado em São Paulo desde 2005, quando assumiu a atual formação, com Caleb Mascarenhas (programações, sintetizadores), Paulo Pires (bateria, programações), Fernando TRZ (teclados, sintetizadores, programações) e Fabiano Alcântara (baixo).



RELEASE FLAVIÃO E O RETROFUTURISMO


A música do Retrofuturismo é usualmente criada no ateliê La Tintota, uma pequena garagem no coração da Barra Funda, bairro que vem se tornando o epicentro para novos artistas de São Paulo. E é estranho perceber que, com o pop, música e arte estão dissociadas de modo que é preciso de bandas dispostas a junta-las novamente. “Talvez seja um encontro de pessoas que fazem músicas livres, aproximadas pelo afeto e a criação”, conjectura Flavião.


Mineiro, de Conceição do Mato dentro, ele se une aos retrofuturistas Daniel Todeschi (The Surfmotherfukers), Caleb (Lavoura, DJ Frustrado), TRZ (Lavoura, Cérebro Eletrônico, Gil Duarte e Sistema Asimov de Som), Paulo Lima (Lavoura e Mercado de Peixe). Juntos fazem art-rock brasileiro com referências múltiplas como música eletrônica (drum and bass, house, electro, IDM), folk rock, pós-punk, entre outras.


Em seu segundo álbum, gravado pelo produtor mineiro Léo Moraes, do Studio Pato Multimídia, Flavião apresenta músicas como “Sol de Dentro”, “Verão” e “São Paulo Capital”, onde percebe-se que a sonoridade do grupo está mais “brasuca”. “Estas músicas inauguram uma nova fase do meu trabalho, que é a criação conjunta, no formato de banda, o que eu não tinha antes”, revela.


Em seu show, a banda revisita músicas do álbum anterior, quando Flavião se uniu ao parceiro Isidoro Cobra (Jumbo Elektro, Cérebro Eletrônico). Conta também com cenário criado pelos artistas Leonardo Ceolin e Carlos Pedreanez, com os quais Flavião divide o La Tintota, coletivo de artistas latino americanos.


Flavião é um satélite ligado no mundo hiper-real e um pássaro liberto. O futurismo popular tem nele um grande representante.

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