GRANDE BANDA PARCEIRA.
TERÇA E QUARTA (12 E 13/05, RESPCTIVAMENTE) ESTARÃO SE APRESENTANDO NO CBBAR, NA BARRA FUNDA EM SÃO PAULO.
DIA 15 EM RIO CLARO
DIA 16 NA PARADA DA LAPA (ANEXO A FUNDIÇÃO PROGRESSO)
COMBAT SAMBA - E se a gente seqüestrasse o trem das onze?
“Johnny Rotten e Jorge Ben no mesmo groove”. Quando os amigos brincam de rotular o som do Mundo Livre S.A., essa frase é uma das preferidas. Pois bem, basta substituir o vocalista do Sex Pistols por Mick Jones ou Joe Strummer (vocalistas da formação original do Clash) e temos sintetizada com perfeição a receita desse Combat Samba, a primeira coletânea da carreira do subcomandante Fred Zeroquatro e seus demais companheiros. O título Combat Samba, obviamente, é uma referência ao “Combat Rock”, quinto disco de estúdio do Clash, a banda seminal do Punk inglês ao lado do Sex Pistols. Assim como Strummer e Jones buscaram expandir as fronteiras sonoras e temáticas do pop inglês, o Mundo Livre, desde os primeiros shows no distante ano de 1984, entorta o universo da música popular brasileira, em especial o do samba. Uma coletânea temática como essa, portanto, está mais do que justificada. Sobretudo quando se tem em mente que uma boa parcela do público que tem comparecido aos últimos shows da banda é formada por uma molecada em torno dos vinte anos, que não teve oportunidade de acompanhar o início dessa trajetória.Das 14 faixas selecionadas pelo produtor Carlos Eduardo Miranda para Combat Samba, 13 saíram da discografia anterior da banda, formada pelos CDs Samba Esquema Noise (1994), Guentando a Ôia (1996), Carnaval na obra (1998), Por Pouco (2000) e O Outro mundo de Manuela Rosário (2004) e pelo EP Bebadogroove vol. 1 (2005). A coletânea é encerrada com uma música inédita, Estela (A Fumaça do Pajé Miti Subitxxi), gravada no estúdio Muzak, em Recife, em março deste ano, com produção do próprio Carlos Eduardo Miranda.NO BALANÇO DA BIOPIRATARIAA história dessa faixa nova merece um comentário à parte. Composta no ano passado, a canção conta com uma das melodias mais envolventes já criadas pela banda, que remete tanto a Jorge Ben quanto ao "manchester sound" dos anos 80 (Smiths, New Order, etc). A letra, em clima de realismo fantástico, tempera doses de ironia com neologismos divertidíssimos, e foi inspirada em parte por uma denúncia aterrorizante publicada no site da Agência Amazônia de Notícias.
Segundo relatou o repórter Chico Araujo, amostras de linhagens de células e do DNA do sangue de crianças, adolescentes, adultos e idosos das tribos Karitiana e Suruí, de Rondônia, estão sendo comercializadas, via internet, pela Coriel Cell Repositories, um grande laboratório sediado em New Jersey. "A empresa também coloca à venda amostras sanguíneas de índios do Peru, Equador, México, e de vários outros países. A Coriel possui quase 1 milhão de recipientes com sangue e, de 1964 para cá, já comercializou 120 mil amostras de células e outras 100 mil de DNA. Esse material foi vendido a cientistas de 55 países." Tem mais: "Com um simples clique e a disposição de gastarem módicos US$ 85, uma pessoa de qualquer parte do planeta compra, sem sair de casa, os componentes sangüíneos dos índios do Brasil. É muito fácil.” Quem acha que tudo pode não passar de teoria conspiratória, é bom saber que em 2002 a Procuradoria da República em Rondônia ingressou com uma ação civil pública na Justiça Federal. Na ação, o MPF acusa o médico brasileiro Hilton Pereira da Silva e a companheira dele, Denise Hallak, pela coleta ilegal de sangue. A dupla teria convencido os índios a doar o sangue, sob o argumento de que o material deveria ser utilizado em pesquisas para o desenvolvimento de novos remédios. Ainda segundo a reportagem, a assessoria da Funai teria declarado que a instituição não pode impedir o site de comercializar o sangue pelo fato dele estar hospedado nos EUA. Zeroquatro apela para que se divulgue o endereço da agência, para que todos possam ter acesso à matéria intitulada "Empresa dos Eua vende sangue indígena na internet": http://www.agenciaamazonia.com.br/
FONODIVERSIDADE COM EMBALAGEM DE PRIMEIRA
Toda a complexidade de uma das bandas brasileiras mais criativas das últimas décadas está aqui. A pegada maravilhosamente pop comparece com Meu Esquema e Musa da Ilha Grande. O samba que se debruça sobre a própria história está representado na faixa de abertura do disco, O Mistério do Samba. E, claro, os comentários às vezes irônicos, às vezes carregados de raiva, mas sempre de uma precisão certeira, de Zeroquatro sobre o estado de coisas do planeta, ocupam uma larga fatia da coletânea.Combat Samba tem ainda outra atração: Jorge Du Peixe - companheiro de Zeroquatro na idealização do movimento Mangue Beat, no início dos anos 90 - é quem assina a capa, junto com Valentina Trajano. E o encarte conta com comentários faixa a faixa produzidos pelo próprio Zeroquatro. Com a embalagem à altura do conteúdo, não há do que reclamar. Essa coletânea vai abrir um sorriso de satisfação no rosto de Jorge Ben, Mick Jones e todos os demais combatentes do Samba - e do Rock.
Renato L.
A.O.
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