"Em Terra de Saci qualquer Rasteira é Voadora"
Um espectro ronda a indústria da cultura. Como já ocorrera durante a I Guerra Mundial – quando os chamados “ povos civilizados” se matavam entre si nos campos da Europa, como lembra Monteiro Lobato em seu Inquérito, escrito em 1917 –, o espectro do Saci voltou para dar nó na crina das potências que invadem os outros países com uma “indústria cultural” predadora e orquestrada.
O Saci é reconhecido como uma força da resistência cultural a essa invasão. Na figura simpática e travessa do insigne perneta, esbarram hoje, impotentes, os x-men, os pokemon, os raloins e os jogos de guerra, como esbarravam ontem patos assexuados e ratos com orelhas de canguru.
É tempo, pois, do Saci expor abertamente seus objetivos, lançando um manifesto e denunciando o verdadeiro espectro: o espectro do imperialismo cultural. Para tanto, outros expoentes do imaginário cultural brasileiro – como o Boitatá, a Iara, o Curupira e o Mapinguari – reuniram-se e redigiram o presente manifesto.
A cultura popular é um elemento essencial à identidade de um povo. As tentativas insidiosas de apagar do imaginário do povo brasileiro sua cultura, seus mitos, suas lendas, representam a tentativa de destruir a identidade do nosso país. A história de todas as culturas até hoje existentes é a história de opressores e oprimidos. Hoje, como ontem, o Saci apóia, em qualquer lugar e em qualquer tempo, qualquer iniciativa no sentido de contestar a arrogância, a prepotência e a destruição de que é portadora a indústria cultural do império. O Saci não se reivindica como símbolo único e incontestável da cultura popular brasileira. O Saci trabalha pela união e pelo entendimento das várias iniciativas culturais que devolvam ao nosso povo a valorização de sua identidade cultural. O Saci não dissimula suas opiniões e seus objetivos e proclama, abertamente, que estes só podem ser alcançados por um amplo movimento de resistência cultural, denunciando os malefícios da indústria cultural imperialista. Que ela trema à idéia de uma resistência cultural popular. Nesta, o Saci nada tem a perder a não ser seus grilhões. E tem um mundo a ganhar.
Sacis de todo o Brasil, unamo-nos!
DIRETO DE "O AUTOR NA PRAÇA"
Antecipando a comemoração do dia do Saci e seus amigos (31 de outubro), no próximo sábado, dia 23, tem mais uma Tarde Poética no Espaço Plínio Marcos. Vai rolar o “Sarau Sacizado”, com as presenças dos saciólogos, o escritor Mouzar Benedito e do ilustrador Ohi, respectivamente autor e ilustrador do livro "Saci, o Guardião da Floresta" e de Thiago Vaz, grafiteiro e autor do Saci Urbano. Além de leituras estaremos relançando a campanha para o Saci como Mascote da Copa do Mundo em 2014 no Brasil. Venha contar sua história sobre o Saci, o Curupira, a Caipora e outros mitos da cultura brasileira. Veja o documentário “Somos Todos Sacy” de Rudá Andrade e Silvio de Amaral Rocha e escolha um texto sobre o Saci e seus amigos: www.sosaci.org. Veja abaixo o Manifesto do Saci.
A.O.
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