segunda-feira, dezembro 21, 2009

MANU CHAO - iluminado

O nome da vez - MANU CHAO.
Acabamos de fazer uma mini turnê pelo brasil com o artista, em uma semana Salvador, Rio de Janeiro e Fortaleza. E da pra imaginar o que foi né?
Apresentações inacreditaveis, 3 horas interminaveis em cada show. Quicando sem parar, Manu coordenou 18 mil pessoas como se estivesse brincando ... variando entre Reggae, Punk Rock e Salsa, Mr. Chao deixou claro como se faz uma bela apresentação sem se prender aos cliches do Showbiz.
Salvador foi muito boa a recepção do povo, o qual lotou a concha acustica do TCA. Dentre os 3 concertos, o que teve maior participação da galera, cantando e dançando todas as musicas, inclusive as menos conhecidas de seu antigo grupo Mano Negra. Dificil foi tirar a banda apos inumeras voltas para o Bis com o publico formando um coral em Pinoccio. Alcançado por alguns fãs, Manu Chao nao deixou a peteca cair e pulou nos seguranças para que nao retirassem a pancada o invasor do palco.
Rio de Janeiro foi bombastico, como sempre. Rodas de Punk se formavam a cada disparada que Radio Bemba soltava. Com peso alem do normal saindo das guitarras do mágico Madjid e do baixo do experiente Gambeat, o pessoal ficou boqueaberto e participaram ativamente do espetaculo, configurando mais um integrante da banda.
Fortaleza foi Fenomenal, cidade polo de Manu e onde possui familia, foi a primeira apresentação do mesmo no local. A barraca do Biruta se Inbirutou de vez, 7 mil pessoas fizeram o caldeirão ferver. Publico sem igual, estavam aguardando o show como se fosse o juizo final, e Manu o fez acontecer. Apos a banda de abertura, The Congos, a praia do futuro presenciou uma apresentação historica, 3 horas de extase musical. Radio Bemba is in the House. E deixaram claro que Fortaleza é a casa deles. Variando seus loops e efeitos com a boca, Gambeat levou a cozinha como poucos, completada com a bateria avassaladora do homem de aço, David, o reggae se transformava em punk com uma suavidade singular. Teclado de Javier e trumpete melodioso de Angelo Manccini fizeram toda diferença nos arranjos. Todos pulando e cantando sem parar, uma energia voltada ao publico, visivelmente desgastados apos o show (só o tecnico de monitor que aproveitou e tirou uma pestana, deixando o grupo na mao).
E Manu?
Seu rosto mostrava tudo, parecia uma criança em seu proprio parque de diversão. Tocava, Cantava, pulava, dava risada, brincava, enfim .... era a noite dele mesmo, fez e refez o impossivel. Maestro da razao social, dos direitos humanos e relator da avassaladora corupçao, Manuel Chao passou sua mensagem como se fosse um profeta. E assim o publico o tratou. Um mensageiro que passou por aquele palco no biruta para transpor uma overdose de energia para todo publico.
E foi assim que tudo chegou a seu final, integrantes ficaram no Brasil para aproveitar o verão, o resto voltaram para Europa, para aproveitar o inverno com suas familias. Inesquecivel e Inimaginavel prazer em trabalhar com essa GIG.
Radio Bemba
Madjid - Guitarras e Voz
Gambeat - Baixo e Voz
David - Bateria e Voz
Phillippe - Percussão e Voz
Javier - Teclado e Voz
Angelo Manccini - Trumpete e Voz.
Produção - Aitziber

MANU CHAO - Guitarra e Voz







A.O.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Entrevista Rick Bonadio

Confira abaixo a entrevista exclusiva que Rick Bonadio concedeu ao Abril.com:
Abril.com: O que você achou da declaração do Radiohead de que não vai mais lançar discos tradicionais, apenas singles, EPs e faixas pra download? Você acha que pode virar tendência?
Rick Bonadio: Não. Acho que será uma opção de cada um que pode funcionar para poucos. Um álbum representa uma obra e não fica completa, na minha opinião, sem um conjunto mínimo de músicas que tenham um sentido. Singles e EPs podem descaracterizar os artistas e seus conceitos.
Para grandes nomes como Radiohead é fácil abrir mão do CD. Como fica para um artista em começo de carreira? Como é possível ganhar dinheiro e viver de música atualmente com o CD em crise?
Para um artista começando um CD é necessário depois de ele ter alguns hits para mostrar que tenham consistência. Serve para o artista provar que tem força de repertório e que pode seguir uma carreira. Hoje em dia os shows representam uma saída para o artista se manter e também para as gravadoras manterem o investimento nos artistas.
É fato que CD não garante a renda de um artista hoje? Qual saída você apontaria para ganhar dinheiro com música?
Em partes. O CD representa ainda uma boa parcela de receita. A saída é a diversificação do modo de se comercializar música. No celular, na venda pela internet regulamentada, nos shows, nos licenciamentos de imagem e com publicidade.
Alternativas como download remunerado da Trama ou até mesmo o Álbum Virtual da Trama são boas saídas pros artistas atualmente?
Não acredito que seja a saída, mas é muito válida a iniciativa.
A Fernanda Takai e o Pato Fu optaram pela independência para ter um maior faturamento com CD e ter o controle de suas carreiras. Você acha que pra sobreviver em meio a pirataria qualquer aumento de lucro com venda de CD é bem-vindo?
Com certeza o Patu Fu é mais uma vítima da pirataria e do download ilegal, infelizmente. Eu não acredito que eles gostariam de ser independentes. Foram levados a isso por uma situação terrível do mercado que está punindo artistas talentosos.

RESPOSTA DE ANITELLI A RICK BONADIO!!

Recentemente demos uma entrevista para a revista Fórum com declarações sobre o novo momento da música, do mercado e dos modelos de negócio nesta área… Com o intuito de esclarecer nosso público, músicos, usuários da música em geral, sobre toda essa cadeia produtiva e suas ramificações, enfim…
O Teatro Mágico iniciou um movimento chamado MPB (Música para Baixar)! Movimento que se opõe a toda uma estrutura vigente atualmente no mercado que contempla a lógica do capital: Pagou, tocou! isso mesmo! simples assim… relação conhecida como “jabá” – crime que acaba censurando o artista local, independente e que muitas vezes não vê outra forma de mostrar seu trabalho a não ser no Rádio ou na TV!
Aliás… me diga, em qual outro meio de comunicação você espera ouvir música?Qual o caminho para a nova geração de músicos? Correr atrás de uma gravadora qualquer? Ou daquele canal que se diz de música brasileira!? Como divulgar seu trabalho? E depois? Como se sustenta o grupo? Como fazer pra dar sobrevida às coisas todas que produzimos?
O MPB não quer dizer… “estou dando de graça, não valorizo, não me importo, estou abrindo mão dos meus direitos”… de maneira alguma!É justamente o contrário! Você é dono da sua música, não mais a Editora da Gravadora X, Y ou Z! Você cria as licenças sob as quais você quer reger sua obra (Creative Commons), você é quem decide como, quando e o quê fazer com todo seu material!Buscamos transparência junto ao Ecad (orgão que recolhe dinheiro pela execução de uma música) que repassa tudo o que é arrecadado para as 600 músicas mais tocadas no rádio! OPA! Mas perai… eu não toco no rádio! eu não pago jabá!? e agora?Ou seja, mesmo que sua música toque no rádio (um pouco), o retorno disso não vem pra voce… vai para as 600 mais tocadas! e quais são as mais tocadas? as que pagam JABÁ! pronto. fechamos o ciclo da panela toda!
É sabido, que atualmente, as gravadoras não investem mais como antes em grupos novos (do zero!), justamente pela possibilidade e variedade de música que o cidadão comum pode encontrar na net e consumir a vontade! Eles buscam bandas que já tenham certo público, uma carreira mínima, uma relação interessada com a música! e passam o resto do tempo investindo milhões em publicidade, em programações diárias pra fazer você (ouvinte) acreditar que aquilo que esta passando é de fato “vontade do povo”! Isto não é justo, não é democrático e não é transparente… a música livre sim! Você ouve se quiser, baixa se quiser, divulga se quiser! Parafraseando Pena Schmicht: “O que irá prevalecer a partir de agora é o talento!” e não mais o investimento! Não dá pra enganar o público tanto assim com tanta informação acessível a todos! Tiramos a mascara do carrasco que insiste em vestir a carapuça de novo! Chega!Essa atitude de trocar música, compartilhar arquivos P2P, espalhar algo que a gente gosta é natural! sempre foi! Fazíamos isso com as pequeninas fitas K7, depois passamos a gravar CDs e hoje não precisamos mais das mídias físicas… simplesmente mandamos por e-mail e/ou algo assim! O público é o maior aliado que qualquer banda pode ter! É ele que vai alimentar o site, as comunidades, as divulgações e os rumos do grupo!
Dentro deste novo perfil, muitas pessoas têm dúvidas sobre o futuro!
“Meu Deus! E agora? Músico ainda é profissão? Música da dinheiro?Agora ninguém é dono de nada?” – são estas afirmações equivocadas e distorcidas que acabam confundindo o público! E foi assim que, de maneira desastrada e desrespeitosa, Rick Bonadio falou sobre o assunto em questão! Ele, que produziu grandes pérolas do mercado musical (Broz, Et e Rodolfo, Rouge, Dogão, CBJR, Nxzero e Fresno) disse em recente entrevista que: “O artista que libera sua música na internet é estúpido” e à todos aqueles que baixam música disse: “São espertalhões sem cultura” – pois é… Uma pena que alguém com a vivência e experiência que tem, ainda não entendeu o que esta acontecendo no mercado atual! Pena maior é a maneira completamente sem educação que ele se dirigiu a toda uma nova geração que busca soluções e possibilidades para se inserir no mercado musical, inclusive baixando e repassando os grupos que ele produz! Enfim…
Depois de ler a tal entrevista, tentei me comunicar com Bonadio através do twitter, tentei explicar à ele sobre a música livre, o Movimento, nossas responsabilidades como artistas… falei que muitas vezes é o fã mais apaixonado pela banda que vai colocar todo o conteúdo de maneira livre na internet, expliquei que se não fosse isso, milhares de músicos permaneceriam de fora do cenário atual! Falei sobre a possibilidade de trabalho (sim! Dinheiro) neste novo cenário, Chamei pra um debate aberto e esclarecedor… até porque acredito que quem vai ganhar com um debate como este, somos todos nós! Afinal, é importante entendermos a ótica de quem já esta no mercado há um bom tempo e aprender com suas experiências também! sejam elas proveitosas ou não! – infelizmente minha tentativa foi em vão… ele disse que: “O TM é apenas uma exceção”… eu disse que não!Que somos na verdade, uma possibilidade!
Depois ele falou mal de novo do artista que libera música e disse que só faria um debate se fosse qualificado, tal qual havia sido sua conversa com Leoni horas antes no twitter! Pois bem! Eu voltei a dizer que estaria com o próprio Leoni amanhã (17/12) no Rio conversando sobre tudo isso!… mas a partir daí… ele não se pronunciou mais…que pena (de novo)!
O que estamos falando aqui não é sobre a qualidade dos trabalhos envolvidos, nem a quantidade dos trabalhos envolvidos… mas sim, a POSSIBILIDADE de novos grupos atuarem no mercado de maneira honesta, justa, transparente e democrática! O TM se fez assim e me nego a acreditar que esta experiência só funcione com a gente! Até por isso estamos nos mobilizando, comparecendo na grande maioria dos Festivais independentes pra falar sobre o MPB, promovendo oficinas, debates, palestras, inclusive, no próprio site do MPB temos algumas propostas para tudo isto que estamos conversando! http://musicaparabaixar.org.br/?p=518
Se deu certo pra um, que este “um” saiba nos mostrar o caminho das pedras… e não vender pedra a pedra achando que assim esta construindo algo de útil e positivo pra música brasileira!
É isso por enquanto!
FENRNANDO ANITELLI