quarta-feira, abril 23, 2008

RETIREM O QUE EU DISSE A RESPEITO DE RITA E ESCUTEM ESSE DISCO.!!! UM ABSURDO EU FALAR ASSIM!!


+ Na época da gravação do disco, Rita começou a sentir que o interesse do presidente da Philips, André Midani, em sua pessoa, era bem mais do que apenas musical. Os dois começaram um affairzinho que Rita levou adiante um pouco por querer se vingar de Arnaldo (que não gostava de André), um pouco por querer ver seu disco bem trabalhado. Não adiantou nada: a gravadora não gostou do disco, nem investiu um tostão furado. Rita rompeu ao mesmo tempo com André e com a Philips, puta da vida, no meio de uma reunião do tal "grupo de trabalho" da Philips (para a qual tinha ido viajando de ácido).
+ Rola uma lenda que algumas letras do disco Atrás do porto... teriam sido censuradas, o que teria abortado ainda mais o processo. Se é lenda ou não, o fato é que o logotipo do disco lembra vagamente a bandeira do Brasil. E a tal "cidade" da capa lembra muito um mapa do Brasil também. Lendas e mais lendas...
+ A ficha técnica do disco foi toda escrita à mão por Rita, em forma de diário - algo que foi mantido na versão CD. Entre um crédito e outro, há mensagens cifradas (como o agradecimento a "baurets"), recados pessoais e verdadeiras crônicas do momento pelo qual Rita passava, gravando um disco e querendo vê-lo acontecer.
+ Além do disco, há gravações de Rita na Philips que só saíram em singles ou em coletâneas, como "Paixão da minha existência atribulada" (ao lado de Lucia Turnbull) e "Nessa altura dos acontecimentos", além das três faixas ao vivo do LP Hollywood Rock, de 1975 (breve neste blog), "E você ainda duvida?", "Minha fama de mau" e "Mamãe Natureza". Há também um dueto entre Rita e Erasmo Carlos, "Minha fama de mau", que saiu num disco de carreira de Erasmo, Erasmo Carlos Convida..., de 1980. Nenhuma dessas gravações foi resgatada em CD.
+ O encarte do LP original - mantido na reedição em CD - trazia um pôster da banda, no maior clima lambisgóia-new-york-dolls (com destaque para Rita quase fantasiada de Ziggy Stardust).
+ A resenha ao lado é sobre o disco Atrás do porto tem uma cidade e foi publicada num site norte-americano especializado em música brasileira. Sente só: "Now officially no longer a member of Os Mutantes, Lee pursues a fairly similar musical direction - proggish boogie rock which they hope will pass as glam. Her new band, Tutto Frutto, dress like Gary Glitter clones, but they play fairly belabored, sometimes math-y, guitar rock... the most interesting touch is a frequently-used rising synth riff, lifted straight out of the Zombies' "Hung Up On A Dream". This is still borderline noteworthy, but (in all honesty) still a bit hard to take. If you were able to hang with the later Mutantes albums, then this might also work for you".
+ Além de Atrás do porto..., Rita ainda chegou a iniciar as gravações de um segundo disco com o Tutti-Frutti pela Philips. O disco, que seria a primeira produção assinada por Liminha, não foi lançado por causa da rescisão de contrato de Rita com a Philips. Mas nos anos 90, o jornalista e investigador musical Marcelo Fróes (também editor do tablóide International Magazine) tentou lançar o disco, já em CD. Marcelo teve apoio de Rita, mas esbarrou em problemas com um dos músicos do Tutti Frutti, que registrou o nome da banda (coisa que nem Rita fez) e exigiu receber royalties. Uma pena.
por Enio Martins

1 De pés no chão
(Rita Lee)
2 Yo no creo pero...
(Lee Marcucci - Luiz Carlini - Rita Lee)
3 Tratos à bola
(Lee Marcucci - Luiz Carlini - Rita Lee)
4 Menino bonito
(Rita Lee)
5 Pé de meia
(Rita Lee)
6 Mamãe natureza
(Rita Lee)
7 Ando jururu
(Rita Lee)
8 Eclipse do cometa
(Rita Lee)
9 Círculo vicioso
(Lee Marcucci - Luiz Carlini - Rita Lee)
10 Atrás do porto tem uma cidade
(Rita Lee)

DOWNLOAD

A.O.

quarta-feira, abril 16, 2008

RETRANSFORMAFRIKANDO!!!


SÃO PAULO - Multiisso, multiaquilo, multinada, André Abujamra se desdobra com gosto para ser artista no Brasil. Já reconhecido como ator, ele encarou o desafio de dançar com Denise Stoklos, na peça Cantadas, para a qual ele fez a trilha sonora e que segue em cartaz no Rio. Continua se aventurando como músico independente, e a partir do mês que vem leva seu novo disco, Retransformafrikando, debaixo do braço para praças mil. E volta aos cinemas com a trilha de Querô, ofício que já lhe rendeu um currículo de 40 longas-metragens e o apelido de "trilheiro".
Veja entrevista em vídeo

O trilheiro careteiro que diz gostar de viver nos extremos recebeu o Estado durante o Festival Curta Santos, na semana passada. Falou da sua relação com o cinema, do novo disco e, controverso que sempre é, acabou disparando contra o direito autoral, mas a favor da autoria da eterna.

Um diretor te chama para fazer a trilha de um filme. Qual é o primeiro passo?

Bem, no começo da minha carreira eu ficava emocionadíssimo, fazia, ia atrás mesmo que não gostasse fazia o filme. Hoje em dia, leio o roteiro, procuro conhecer o diretor e saber o que ele quer comigo. Eu ainda sou louco para fazer trilha sonora, sempre faço. Mas procuro conhecer o diretor, que é o maestro do filme.

É interferir na obra alheia, não?

É. Um diretor de cinema pega um ator, um diretor de fotografia, diretor de arte. E tem de ser flexível, porque pega várias pessoas talentosas para fazer um filme, que é a união de todas as artes. Se o diretor não for flexível e quiser fazer tudo sozinho, não vai se dar bem. Pode perceber: os melhores diretores são os flexíveis.

Nesse contexto, quanto você vê de autoral no seu trabalho? É muito diferente de um disco-solo seu?

Bem diferente. Você tem de fazer a música para o filme e, em geral, quando você vê um filme e não percebe muito a trilha, mas o filme é muito bonito, essa trilha sonora é a mais bonita. Tem de ser um casamento perfeito. E para o ego é um exercício muito difícil. Você tem de usar a sua arte e capacidade de criação em prol da obra do outro. Mas é uma coisa que gosto muito. Tenho aperfeiçoado, sofrido muito, e "dessofrido" também.

E a qual é a história da primeira trilha que você fez?

Fui casado com a Anna Muylaert, temos um filho juntos. Ela foi estudante de cinema na ECA nos anos 90 e eu conheci todos os diretores que passaram por ali, todo mundo. Fiz a trilha para todos os curtas daquela época. Os diretores cresceram, eu também cresci, e eles começaram a me chamar para fazer a trilha dos longas deles. Meu truque foi ser casado com uma cineasta no começo da carreira. Agora, o primeiro longa-metragem que tive a sorte de ter feito foi o Carlota Joaquina, em 1995, que foi o primeiro da retomada do cinema. De lá pra cá, já fiz 40 filmes, aqui e no exterior.

E para o seu trabalho tem diferença fazer aqui ou no exterior?

Tem diferença financeira, né? Se eu trabalhasse nos Estados Unidos, seria trilhonário, imagine, já fiz 40 longas. Mas aqui, muitos filmes eu tirei dinheiro do meu bolso porque queria trabalhar com orquestra, por exemplo. No Brasil, gasta-se muito mais dinheiro para filmar do que na pós-produção. Não tratam a pós-produção com carinho - talvez os produtores fiquem bravos comigo, mas é verdade.

Entre os seus 40 longas, há 'Carlota Joaquina', 'Durval Discos' e 'Carandiru', que são filmes muito diferentes entre si. Olhando para trás, você consegue ver alguma unidade entre essas trilhas, talvez uma marca?

Eu, André Abujamra, consigo. Precisa ver o que os outros percebem. Por exemplo, de Bicho de Sete Cabeças para Castelo Rá-Tim-Bum é uma diferença brutal, mas tem minha alminha lá. Basicamente, sou romanticão, gosto de trabalhar com orquestra e tal. Não é mesmo uma pergunta para eu responder, mas, particularmente gosto da diversidade. Gostei muito de fazer Achados e Perdidos, usei trompa, trombone, violino e cello. O seguinte, Querô, fiz com bateria, guitarra elétrica e baixo. Gosto de misturar, preciso me misturar. É isso que busco, não só com trilhas, mas no meu trabalho em geral.

Você está em cartaz no teatro também, em 'Cantadas', onde além de atuar e fazer a trilha, dá uma de bailarino ao lado da Denise Stoklos. Como está sendo?
Para o que me chamarem, eu faço. Se quiserem que eu seja ator, eu vou, até dançando estou. Sendo legal, artisticamente falando, eu faço. Me chamam de metido, mas ser artista no Brasil é complicado - bem, até ser pipoqueiro aqui é complicado. Eu faço tudo para o que me chamam porque tenho de sobreviver, tenho filhos de 28 casamentos nas costas. Daí, falam "ah, ele é multinão-sei-o-quê". Sou multinada, me chamam, eu vou lá e faço.

A melhor trilha é aquela que se funde organicamente com o filme e você nem percebe que ela estava ali ou é a que sai martelando na cabeça?
Se ela martelar na cabeça e o filme martelar junto, é o tesão dos tesões. Eu faço música e descobri que o silêncio no cinema é uma das coisas mais legais que existem. Edifício Master, por exemplo, não tem música, mas é muito musical. O silêncio, o barulho do elevador, tudo para mim é música.
Quando sai o disco novo, o 'Retransformafrikando'?
No mês que vem. É o meu segundo disco, fiz O Infinito de Pé em 2004. Fiz uma operação de redução do estômago, perdi 70 quilos. E foi mesmo um renascimento real, porque você quase morre. Fiz um disco que tem a ver com essa retransformação. Por isso, o nome é tão complicado, quer dizer que eu me retransformo e fico, não morro. É independente, vou vender debaixo do braço mesmo.

Vi que quase todo o disco já está na rede, você sempre esteve na rede, aliás. Como vê essa discussão sobre o direito autoral e pirataria?

Eu digo que essa coisa de direito autoral é complicada. Antigamente, um rei me chamava para fazer uma música, eu fazia, entregava e pronto. Ninguém mais falava sobre isso, e eu ia fazer outra. O que me enche o saco nessa coisa de direito autoral é que não tem jeito, acabou. As gravadoras ganham muito dinheiro em cima do artista, e mesmo quem vende milhões de cópias não ganha com o disco, ganha com o show. Eu sou contra pirataria, mas os caras vendem por R$ 25 um disco que deveria custar R$ 10. É inevitável que quem goste vá comprar o pirata por R$ 5. Essa coisa de direito autoral me incomoda muito. A molecada vem falar comigo "pô, a gente não tem espaço". Como não tem? Chama a sua tia e faz em cima do móvel da sua casa! Todo mundo que tem talento tem chance. Nunca tive gravadora, nunca ganhei dinheiro e estou sobrevivendo. Eu sobrevivi fazendo. Outro dia, comprei o DVD do Carlota Joaquina. Pra mim, é isso, fica para a eternidade, o meu tataraneto vai ficar sabendo o que eu fiz. Isso é importante. Agora, direito autoral? Manda ver, baixa tudo. Eu acho que deveria acabar o direito autoral, tudo deveria ser de todos.O artista que não acaba de criar, vai continuar criando. Eu bem que queria ganhar dinheiro com direito autoral, mas não vou perder o sono com isso.





A.O.

quarta-feira, abril 02, 2008

Tirem as conclusões!!!

MUTANTES - DECLARAÇÃO OFICIAL À IMPRENSA


Mutantes Depois...

02 de abril de 2008

Faz alguns meses que Mutantes tem preparado a sua resposta aos nossos fãs que esperam ainda uma declaração oficial nossa, uma vez que houve significativas mudanças em nosso grupo.
Eu e Dinho sempre achamos que fofocas devem ficar para as titias e vovós enquanto se divertem tricotando a vida alheia, portanto decidimos que a melhor maneira de dar uma satisfação ao mundo, e a vocês que nos acolheram com tanto ardor e vida é através de pronunciamento.
O nosso pronunciamento será feito com música, pois afinal este é o nosso idioma, idioma este da alma e onde as palavras são ditas com mais do que um simples propósito musical, mas sim com arte e nossa total emoção.
Fiquei e estarei sempre de luto por Arnaldo e com Zélia creio que me apressei ao julgá-la uma Mutante...Ela parecia tanto sê-lo mas descobri que em vez de Mutante ela é uma “Transformer” . Ela serviu para provar que Mutantes é maior do que qualquer um de seus membros individuais...
Bom, nós Mutantes fomos transcendidos por nossa música. Assim foi durante mais de 30 anos onde ela se fez viva por gerações após gerações e transpôs todas as impossíveis barreiras que normalmente um grupo aspirante tem pela frente.
Nós Mutantes sem gravadora, sem estarmos juntos, sem ter um disco, sem tocar em rádios, sem jabá, sem empresário, isto é, sem fazermos absolutamente nada a não ser termos feito a nossa música e arte com honestidade, conseguimos o impossível, só para provar que nada o é...
Em três meses nós estávamos tocando nos maiores e mais importantes palcos do mundo de Barbican em Londres à Hollywood Bowl em L.A., do sonhado Filmore ao Festival de Pitchfork de Milão à Lincoln Center e muitos outros que agora já são história como o Aniversário de São Paulo, grato momento em minha vida...
Mutantes em dois anos se estabeleceram como uma banda internacional de alto prestígio com o respeito de grandes formadores de opinião com Beck, Sean Lennon, Devendra Banhart e muitos e muitos outros dentro da arte em geral até a mais importante e especializada imprensa mundial como NY Times, que nos agraciou com a capa contendo críticas que no mínimo nos fez muito orgulhosos de sermos os brasileiros que quebraram a “barreira do som”, com nossas guitarras feitas em casa e nossas músicas e atitudes tupiniquins.
Agora temos um novo passo a dar, creio ser este o real motivo para a nossa reunião e retorno aos palcos do mundo, um projeto novo e virgem, um novo CD de músicas inéditas.
Eu e Dinho estamos completamente felizes em estarmos gravando agora.
Tentei desde o começo junto a meu irmão e à Zélia formar um núcleo de criação, mas foi infrutífero, pois eles não quiseram fazer músicas novas. Mas para espanto meu e total felicidade, em São Paulo, no aniversário da cidade, me reencontrei com Tom Zé e nos juntamos como parceiros. Ele é o parceiro que pedi a Deus, além de outros como Devendra Banhart que fez uma participação nesta primeira música cantando conosco. Tenho trabalhado há dois anos em compor junto com nossa maravilhosa banda e com Dinho este novo trabalho, e agora posso afirmar com a maior felicidade do mundo: “Sim estamos muito vivos e viemos para ficar”. Os músicos que chamei para formar nossa banda de suporte para o Barbican se tornaram indispensáveis, pois por graça divina vieram e couberam como luva em nossa idéia e filosofia artística. Assim como Dinho e Liminha uma vez conquistaram seu lugar na banda eles também o fizeram, eles são os Mutantes de hoje, filhos de nossas gerações sementes musicais e antes de tudo nossos maiores cúmplices. Grande Vinicius, Vitor, Henrique, Fábio, Simone e Bia.
Nós Mutantes estamos por fim felizes, e sem empecilhos que travem as nossas rodas da vida e da fortuna no grande Tarot do Universo.
Estaremos agora entregando a todos vocês, a nossa música, a primeira de muitas que estamos compondo...chama-se Mutantes Depois e é sobre vocês o nosso público os reais mutantes de cuja energia somos feitos, como uma pessoa só...
Queridos, que imensa saudade de tocar para vocês e de vê-los felizes e brilhando junto conosco...
Mutantes somos todos nós, aqueles que sonham e vivem com verdade os seus ideais no olhar na alma e no coração...
Que o Grande Arquiteto do Universo abençoe a todos e espero que se divirtam com a nossa música assim como nós estamos...

Um enorme ardoroso abraço
Sérgio Dias
Mutantes
Enviado por:
Contatos Imprensa- Márcia Stival

MMW - Let´s go Everywhere!

Chamativo o titulo, não? me lembro quando estava em casa, esperando para ensaiar com meus amigos Diogo, Lucon, Guilherme e sei lá mais quem. Nisso coloquei um som para escutar, acho que Art Blakey, enquanto eu e Diogo fomos ver o pipoqueiro passar na rua, atraídos pelo cheiro da Maria. Travessura ou magia, Lucon colocou um disco novo no play. Dos falantes saiu um groove que me grudou com a orelha nas ondas, hipnotizado e longe dali (mas com o som acompanhando), comecei a flutuar na musica e, de repente, entra pela porta da frente aquela linha harmonica. Aquilo sim foi um som apresentado, absurdo o que um trio (bass, guitar, drums) podia fazer, nunca tinha escutado algo parecido!!! Medeski, Martin and Wood. O disco? Shack-man (October 15, 1996 - A blessing descended from above when this album was created. How else could music this beatific be created in a Hawaiin shack with the help of solar power? The melodies are intoxicating, the beats are badder than the JB's on a good day, and Mr. Wood is the funky glue). Uma viagem, uma ilusão.............sonho..........será que algum dia..........?

Formado por John Medeski (teclas em geral), Chris Wood (baixos acústico e elétrico) e Billy Martin (bateria e percussão), o grupo, que adota a clássica e tenaz formação "piano trio" (baixo-bateria-piano), chuta sempre em direções inesperadas. Seja ao incorporar batidas rap, seja apostando na interação com DJs, seja em seu descarado flerte com o pós-rock, a banda até agora acertou a mão em tudo que fez.

Aqui vem a apresentação de seu ultimo trabalho, lançado no começo de 2008, Let´s go Everywhere tem uma conotação infantil. Nunca ler infantilização da musica, mas sim dos temas. Grooves e distorçoes dignas de MMW mas com vocais infantis, temas de historinhas infantis, muitas delas interpretadas pela propria prole dos musicos.
Aqui vai uma entrevista que o baterista Billy Martin concedeu por e-mail ao Scream & Yell:


Em primeiro lugar: a banda continua instalada em Nova York?
Sim.
Como a confusão de 11 de setembro afetou vocês?
Foi chocante, e tínhamos uma turnê agendada pelos Estados Unidos para o mês seguinte. Continuamos a turnê e a finalizamos em Nova York no feriado de Halloween (31 de outubro) com um grande show para uma casa lotada de espírito muito positivo. Nós sentimos que nosso trabalho é manter o espírito musical e o espírito das pessoas vivos.
O MM&W tocou no Brasil no Free Jazz Festival de 99, batizou uma das músicas de seu primeiro álbum [Notes From The Underground, inédito no Brasil] de Hermeto's Daydream, e The Dropper [penútlimo álbum da banda, também inédito no Brasil] mostrou alguns elementos percussivos brasileiros como cuíca, berimbau e surdo, além de uma música chamada Partido Alto. Qual seu aspecto predileto a respeito da música brasileira? Quem são seus favoritos na música brasileira, aqueles que mais te influenciaram?
O uso de percussão de um modo completamente musical. A influência do ritmo africano misturada com harmonia ocidental e oriental. Batucada grooves like no other music that I know. Os músicos que mais me influênciaram foram Hermeto, Nenê, Naná Vasconcelos, Robertinho Silva, Djalma Correa, Gilberto Gil, Jobim, Elis Regina, a escola de samba Padre Miguel, Egberto Gismonti...
Billy, já ouviu o disco acústico que Jorge Ben Jor gravou via MTV? Bacaninha.
Não, adoraria ouvir isso.
Ok, eu te mando esse disco e tu me manda os últimos do MM&W. Topa?
Trato feito.
Alguns críticos acharam que The Dropper acrescentou um pouco da estética pós-rock ao som usualmente cheio de groove do Medeski, Martin & Wood. Você concorda?
Sim.
Tendo em vista que o pós-rock é genericamente descrito como uma colisão do jazz com o punk, podemos dizer que o MM&W é a banda de jazz mais punk da atualidade?
:)Às vezes.
O que acha de artistas como Tortoise e Mogwai, que utilizam dinâmicas jazzísticas em músicas de teor rock?
Eu gosto um bocado de Tortoise.
Page Hamilton (do finado Helmet), Lee Ranaldo e Thurston Moore (do Sonic Youth) foram discípulos de Glenn Branca [cabeção do jazz vanguardista nova-iorquino]. O que você acha da abordagem que essas bandas têm (ou tinham) do jazz?
Não sei, esse espírito de criar e usar o som criando novos meios de compor e se apresentar parece ser típico da região central de Nova York, e outras cidades e culturas vêm fazendo isso há muito tempo. O que eu vejo é que um bocado de gente que normalmente só ouvia rock está se interessando pelo som do MM&W e por jazz, de forma geral.
Algumas pessoas acreditam que o mérito disso reside nos "álbuns gêmeos" lançados pelos Beastie Boys na década passada, Check Your Head e Ill Communication, que introduziram à audiência rock nomes até então alienígenas como Jimmy Smith e Meters. Por outro lado, algumas pessoas dizem que isso é um reflexo da renovação do interesse das pessoas pelas chamadas "jam bands" representadas atualmente pelas bandas de stoner rock. Qual você acha que é o verdadeiro motivo para essas pessoas ficarem ligadas no som do MM&W?
Há um vácuo no que diz respeito a uma abordagem sincera da música que seja realmente emocional, funky e de vanguarda. Então estamos preenchendo esse vazio de um modo bastante inesperado.
O MM&W causa arrepios em críticos de jazz puristas, principalmente devido às técnicas pouco usuais que vocês utilizaram em seus últimos discos, como o uso de overdubs e a interação com DJs. Irrita a banda o fato de não ser considerada "suficientemente jazz" por esses críticos?
Não, na verdade não. O que é frustrante é ver críticos discutindo sua música sem realmente entender o artista ou mesmo sem escutar a banda ao vivo...
Você próprio acha que o MM&W não é estritamente jazz? Essa classificação que alguns fazem do som do MM&W como "acid jazz orgânico" chega a incomodar?
Às vezes. Para mim, acid jazz é leve, iluminado. Nossa música vai mais fundo que isso. Não somos estritamente jazz.Algumas pessoas tendem a pesquisar artistas influenciais do jazz após ouvir o som do MM&W e toda a música que se vale de elementos jazzísticos em voga hoje em dia. Os artistas que recomendaria a essas pessoas são...[John] Coltrane, [Thelonius] Monk, Miles [Davis] , [Charles] Mingus, [Duke] Ellington, [Louis] Armstrong, [Sidney] Bechet, Sun Ra, Albert Ayler, Ornette Coleman...
Falando sobre Uninvisible: quando escutei o disco pela primeira vez, senti uma forte presença de efeitos dub, principalmente na faixa título, efeitos de eco malucos mixados com o som tipicamente balançante de vocês, o que soou bem legal. Além disso, senti um clima sinistro e inquietante por toda parte. Concorda? O que, exatamente, o MM&W quer colocar entre as orelhas do ouvinte?
Trevas e luz. Funky e esquisito e belo.
Aqui no Brasil, as pessoas não têm acesso à maioria de seus álbuns em edição nacional, e importados são obscenamente caros. Vê algum problema em baixarem suas músicas da internet?
Se elas não podem comprar nas lojas, elas baixam em MP3. Mas por quê isso acontece? Temos que dar um toque pra Blue Note Records [tradicional gravadora de jazz americana, atual lar da banda].
Sobre It’s A jungle In Here e Shack-Man, os álbuns que estão sendo lançados no Brasil através da Trama: como você descreveria o feeling de cada um? O que esses álbuns representam?
It's A jungle In Here foi o primeiro a ser produzido de maneira mais independente, logo após Notes From The Underground. Shack-Man foi um dos melhores e mais desafiadores discos que já produzimos, completamente independentes da gravadora, exceto pelo fato de que nos deram um pequeno orçamento. Decidimos entrar fundo na selva do Hawaii, só nos três e o engenheiro/produtor David Baker.
Qual seu disco favorito do MM&W? Qual o propósito por trás dos vários trabalhos solo que vocês três mantêm?
Acho que Shack-Man é um clássico. Eu realmente adoro The Dropper, também. Nós três tentamos fazer coisas fora da banda para manter as coisas interessantes sempre que voltamos a tocar juntos. Trazemos a energia de fora para dentro da banda.
O que é que você curte mais: pintar ou espancar sua bateria?
Adoro as duas coisas, mas venho tocando bateria há muito mais tempo e com muito mais afinco.
Qual é que é a desse vídeo da banda produzido pela Industrial Light & Magic de George Lucas?
Um belo vídeo. É um roteiro bem simples, sobre a gente saindo de casa e indo para nosso estúdio Shacklyn no Brooklin, tocando enquanto caminhamos pela rua, e termina com a gente tocando num show ao vivo no clube Providence, de Rhode Island. Mas na verdade filmaram a gente entrando no Tonic, em Nova York.
Quem são os artistas no jazz moderno que você acredita que merecem ser ouvidos?
Sun Ra, Other Dimensions In Music, Masada, Marc Ribot, The Lounge Lizards.
Qual é exatamente o objetivo principal do MM&W?
Fazer música juntos e continuar evoluindo.
E, finalmente: quem se sai melhor, os americanos no jazz ou os brasileiros no trato com a pelota?
Não vejo diferença!
Vê-se que o Batera não gostou muito da entrevista né, perguntas sem coerencia e, pior de tudo, tratando esse mago do groove como um camarada que o conhece há anos......... fim de carreira mesmo, quem sabe da proxima vez não colocam alguem que conhece a obra de MMW e o trate como o verdadeiro profissional que ele é.

1-Waking Up
2-Let's Go Everywhere
3-Cat Creeps
4-The Train Song
5-Where's The Music
6-Pat A Cake
7-Pirates Don't Take Baths
8-Far East Sweets
9-On An Airplane
10-The Squalb
11-Let's Go
12-Old Paint
13-Hickory Dickory Dock
14-All Around The Kitchen
15-We're All Connected


DOWNLOAD




A.O.